quarta-feira, 18 de maio de 2011

Adubação Verde

Adubação Verde


Os benefícios das plantas que melhoram o solo: elas adicionam nutrientes, protegem da erosão e reduzem a compactação.
O milho foi plantado pelo benefício que pode trazer à terra: ele produz grande quantidade de massa verde, que pode ser incorporada, enri­quecendo o terreno.
Já o feijão-de-­porco não só acrescenta matéria orgâ­nica com sua massa. Suas raízes traba­lham no subterrâneo, reduzindo a com­pactação do solo.
Crotalária e feijão-de-porco são no­mes ainda pouco familiares para mui­tos agricultores brasileiros. Assim como o labe-labe, a mucuna anã, a ervilhaca, a aveia preta e as muitas outras integrantes da relação de plan­tas que são úteis menos pelas colheitas que dão do que pelo trabalho que exe­cutam no solo, melhorando-o. Conhe­cidas como adubos verdes, elas vêm tendo seus benefícios estudados há muito tempo, séculos atrás, em todo o mundo.
Na maior parte, são da família das leguminosas, que têm em comum a virtude de retirar o nitrogênio do am­biente, através da ação de uma bacté­ria, o rizóbio, capaz de fixar esse elemento em nódulos formados na raiz da planta. Mas o elenco das plantas melhoradoras do solo não se restringe a uma família. Cabem nele gramíneas, como a aveia preta e o azevém, crucí­feras, como o nabo forrageiro, e ainda outras.
As raízes de plantas como o guandu e o feijão-de-porco fazem uma eficiente guerra subterrânea contra a compacta­ção do solo.
Em apenas três meses, a raiz do guandu chega a 3 metros de profun­didade, rompendo no caminho as cama­das compactadas, afirma Miyasaka.
Quando a planta morre, os furos abertos pelas raízes tornam-se poros para levar oxigênio a camadas mais profundas. A massa verde das plantas, deixada no solo como cobertura morta ou incorpo­rada, ajuda a manter a umidade e a amenizar a temperatura do solo.
A relação dos benefícios dos adubos verdes vai mais longe.
Seu cultivo man­tém no solo, em torno de suas raízes, uma população numerosa de microor­ganismos ativíssimos na busca de ali­mentos, o que acaba contribuindo para a assimilação de nutrientes pela plan­ta.
Algumas espécies, como a mucuna anã, a ervilha forrageira e a crotalária, se destacam pela rapidez com que cres­cem e dominam o terreno, impedindo o florescimento de ervas invasoras.
Outras combatem a infestação de plan­tas daninhas com suas propriedades alelopáticas, exercendo uma espécie de inibição química sobre o avanço de invasoras.
O feijão-de-porco e a mucu­na, por exemplo, afastam o perigo da tiririca, e onde há o azevém não cresce a guanxuma.
Já o guandu tem uma qualidade valiosa: ele libera ácidos pis­cídicos, capazes de tornar solúvel, e aproveitável pelas plantas, o fósforo existente no solo que, em condições normais, as raízes não conseguem ab­sorver.
Além desses benefícios para a terra, quase todos os adubos verdes podem ser usados na alimentação de animais, bovinos principalmente.
Os que conhecem as virtudes dessas plantas usam geralmente o inverno, quando há menos alternativas de ex­ploração de lavouras comerciais, para semeá-Ias.
“Em vez de deixar a terra desocupada no inverno, é muito me­lhor deixar a natureza fazer seu bom trabalho”, afirma Miyasaka.
Há oito anos, Fernando Torre, produtor de hortaliças em Ibiúna, no cinturão verde de São Paulo, reserva a cada inver­no uma área entre os canteiros de ver­duras para a adubação verde. Por anos seguidos plantou a aveia preta, que neste inverno substituiu pela ervilha­ca.
Extremamente atento à qualidade do solo, notou, com o passar do tempo, a diferença entre a área onde fazia a rotação de culturas e plantava a aveia e outra, arrendada, ocupada ininter­ruptamente pelas verduras.
“Onde houve a incorporação da aveia passei a usar menos água na irrigação e a gastar cerca da metade do adubo aplicado na outra área”, afirma.
Ervilhaca e aveia preta, adubos ver­des muito utilizados no inverno no Sul do país, não agüentam, porém, as tem­peraturas altas de regiões como o inte­rior de São Paulo, os cerrados mineiro e goiano.
Onde o inverno é quente é preciso recorrer a outras plantas, apro­priadas para o clima tropical.
Uma boa solução para utilizá-Ias, segundo Miya­saka, é plantá-Ias quase no fim do ve­rão, no meio da cultura comercial, prin­cipalmente se for o milho.
A mucuna preta, o labe-labe e o guandu, por exem­plo, podem ser plantados em feverei­ro, quando o milharal está em fase de florescimento.
As plantas crescem de­vagar até a colheita do milho, e depois ocupam o terreno.
Já estarão com raí­zes desenvolvidas em junho, quando as chuvas começam a escassear, e po­derão manter o solo coberto por todo o inverno até o novo plantio.
A adubação verde, porém, não é uma exclusividade do inverno.
Como no verão o produtor dificilmente abre mão de ocupar toda sua área com as culturas comerciais, a solução pode ser a consorciação.
Entre as leguminosas de clima tropical existem algumas apro­priadas para o plantio em conjunto com outras lavouras.
A mucuna anã e o feijão-de-porco, por exemplo, po­dem ser plantados em outubro, nas entrelinhas do milharal, e desenvol­ver-se sem prejudicar a cultura comer­cial.
A mucuna anã, que tem um cres­cimento menos agressivo que as espé­cies cinza e preta, se dá bem na compa­nhia de culturas variadas, seja o milho, verduras como alface e repolho e ou­tros hortigranjeiros como o tomate, e culturas perenes.
Para todas é uma companheira exemplar: em vez de fa­zer concorrência, ajuda a outra a cres­cer e ainda melhora o terreno para a lavoura que virá depois.

Fonte: http://sitiocurupira.wordpress.com/adubacao-verde/